quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Mais antiga tartaruga não tinha casco


Fóssil de 220 milhões de anos encontrado na China sugere origem marinha para esses quelônios.
Foram encontrados no sudoeste da China fósseis da tartaruga mais antiga de que se tem notícia, com 220 milhões de anos. O esqueleto achado na província de Guiyang chama a atenção por não possuir o resistente casco que protege e envolve quase todo o corpo das tartarugas modernas. Os paleontólogos que analisaram o fóssil acreditam que ele esclarecerá muitas dúvidas sobre a evolução dos quelônios e sobre o surgimento de seu casco.
Apesar de não ter o casco, a tartaruga do Triássico superior chinês já apresentava as proteções ventrais, conhecidas como plastrão – um escudo ósseo exclusivo das tartarugas – completamente formado. Por isso, a espécie foi denominada Odontochelys semistestacea – literalmente, “tartaruga dentada com meia carapaça”.O quelônio foi descrito na Nature desta semana por cientistas chineses, americanos e canadenses.
As pistas sobre a evolução das tartarugas aparecem já nas rochas em que o fóssil foi encontrado – um depósito marinho. Isso indica que elas eram inicialmente aquáticas e não terrestres, como imaginavam os pesquisadores. A tartaruga chinesa provavelmente vivia à margem de oceanos ou em deltas de rios, conta o paleontólogo canadense Robert Reisz, que comentou a descoberta na mesma edição da Nature.
“Fósseis descobertos anteriormente indicavam que as primeiras tartarugas eram terrestres, mas a Odontochelys mostra que elas surgiram na água”, explica Robert Reisz. Antes dela, o fóssil mais antigo conhecido de tartaruga era da Proganochelys, encontrada na Alemanha, com 210 milhões e já com o casco formado. “Esta é uma descoberta surpreendente que desafia a olhar de volta para a origem desses animais”, completa Reisz.
Apesar da ausência do casco, o escudo ósseo inteiramente formado no ventre da tartaruga indica que a carapaça é formada a partir do desenvolvimento e alargamento das costelas e da coluna vertebral do réptil. O fóssil apresentava placas ossificadas formadas pela espinha dorsal no lugar do casco. A presença do plastrão na Odontochelys semistestacea sugere que ela precisava de uma proteção ventral, e não dorsal, como a conferida pelo casco das tartarugas modernas. Uma hipótese formulada pelos pesquisadores sugere que esse escudo ósseo servia para proteger as tartarugas dos predadores que nadavam por baixo delas.
A paleontóloga Chun Li, da Academia Chinesa de Ciências em Pequim, uma das autoras do artigo, acredita que a hipótese da formação do casco valha tanto para as tartarugas marinhas quanto para as terrestres. “Acredito que a vida e os hábitos desses animais eram muito semelhantes aos que conhecemos hoje”, diz ela. “Mas o novo fóssil prova que ainda temos muito para conhecer sobre as tartarugas”.

Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/133488

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